Flash Letras

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

BIOGRAFIA DE COSTA ANDRADE

Costa Andrade cujo nome de guerra é Ndunduma we Lépi, adoptado nos tempos da guerrilha no Leste de Angola. É natural do Lépi, localidade situada na actual província Huambo, onde nasceu há 64 anos, em 1936, portanto. Fez os estudos primários e liceais na cidade do Huambo e Lubango. Por razões que se prendiam com a falta de universidades ou outras escolas superiores nas colónias portuguesas, como acontecia na generalidade com os jovens da sua geração, Costa Andrade encontrava-se em Portugal, nas décadas de 40 e 50, com o objectivo de, em Lisboa, realizar estudos de Arquitectura.

Foi editor, com Carlos Ervedosa, da Colecção Autores Ultramarinos da Casa dos Estudantes do Império, que desempenhou um papel decisivo na divulgação das literaturas africanas de língua portuguesa, especialmente da literatura angolana. Tem colaboração dispersa em várias publicações periódicas. Publicou textos sob vários pseudónimos, sendo o mais recente o heterónimo Wayovoka André.

Além de Portugal, fixou residência por longos períodos de tempo em países como Brasil e Itália. A versatilidade de Costa Andrade, confirma-se com a sua já conhecida faceta de artista plástico. Mas tal prova acima de tudo uma personalidade, um escritor, um artista que se encontra em permanente busca de materiais e matérias para o trabalho criativo, avultando na sua história pessoal a arte do compromisso e da ruptura ao mesmo tempo. Criou o heterónimo Wayvoka André.

Da sua bibliografia, em que se inscrevem obras de poesia, ficção e ensaio, destacam-se entretanto obras de poesia.

Publicou:
· Terra de Acácias Rubras, (poesia, 1961);
· Tempo Angolano em Itália (poesia, 1963);
· Poesia com Armas (poesia, 1975);
· O regresso e o canto (poesia,1975);
· O caderno dos Heróis (poesia, 1977);
· No velho ninguém toca (texto dramático, 1979);
· Literatura Angolana ( Opiniões), (ensaio, 1980);
· No país de Bissalanka (poesia, 1980);
· Estórias de Contratados (conto, 1980);
· Cunene corre para sul (poesia, 1984);
· Ontem e Depois (poesia, 1985);
· Lenha Seca (versões em português do fabulário de língua Umbundu, 1986);
· Dizer Assim( versões em português de provérbios da líbgua Umbundu, 1986);
· Os sentidos da pedra ( poesia, 1989);
· Falo de Amor por Amar (poesia),
· Lwini (poesia);

Com o heterónimo Wayovoka André,
· Limos de Lume (poesia, 1989);

quarta-feira, 1 de junho de 2011

TRABALHO INVESTIGATIVO SOBRE AS VARIANTES DA LÍNGUA COKWE


BAIXAR GRÁTIS :http://www.4shared.com/document/uLMao0I6/COKWE.html

A BARRIGA CANTOU


A BARRIGA CANTOU

         CASSINDA um rapaz viçoso e muito conversador, nasceu no Curral uma das ruas mais antigas do bairro do São João, na tão aclamada sala de visitas de Angola o “Lobito”. Sua mãe D. Nassalala quitandeira, mulher batalhadora sempre atenta aos passos do filho, cedo o proibiu a andar com outras crianças da rua, com medo de ver seu cassula abdicar-se da escola, evitando desta forma trazer hábitos da rua pra casa. Olvidava o facto dela ser zungueira e o garoto ávido de brincadeira, depois das aulas convidava os seus kambas pr´uma grand´a pelada na Katigela campo adjacente a Igreja de Simão Toco, naquele dia o desafio foi interrompido com um espectáculo nunca vivido pelos garotos, não é que o kota Wale decidiu visitar a velha depois de tanta quitota, na dispensa de três dias o mwadié tirou o helicóptero Hércules da base e rasgou o céu da Catumbela, Akango passando pela Santa Cruz e sem meias medidas imaginem qual a banda que escolheu? O Curral, foi mesmo ali na Katigela levantando muita poeira, as chapas não foram poupadas, casas ficaram todas carecas, do ar conseguia vislumbrar os parcos viteles dos kubicos só as kamambeças pretas como a escuridão, mas veteranas do bom feijão iam mostrando seus marfins, com aquele sorriso de quem anda a procura de ocupação. Kota Wale não deixou os seus préstimos noutra serventia num toque de mágica, pousou o “Barriga de Jinguba” nas costas da katigela como manda o cardápio. Os garotos não se fizeram esperar ignorando os avisos dos mais velhos reuniram-se e formaram um coral idêntico ao da Metodista, batendo palmas, foram cantando:

         Comando, comando, comando
         Artista, artista, artista
         Já ganhou, já ganhou, já ganhou
         Éwé, éwé, éwé
         Oh Wale não nos deixa male
         Éwé, éwé, éwé
         Artista não nos deixa male
         Quem não cantar mãe dele é mbika éwé
         Quem não cantar mãe dele é mbika éwé

         A euforia tomou conta dos kandengues, quando o piloto saiu, que balbúrdia, batiam nas costas do seu herói entoando as mesmas canções, digna de craques como Akwá, Wale desprendia os seus dois metros de altura, caênche, cambayo, bem fardado atavio a rigor, boina na região de capacete na mão e em passos cadenciados não há dúvidas batam palas, ao regresso do “Exterminador Implacável”
         A notícia espalhou-se por toda a cidade, ninguém queria perder o show vieram gentes de quase todas bandas, apareceram os do Chivily, Kapeleta, Elevoko até os do Livala ali na Lixeira Kandimba não puderam se conter e corriam todos atrapalhados em direcção ao local.
         O passa palavra não parava uns diziam no São João caiu avião, ouvi então que na Katigela caiu um tio do avião sem pára-quedas, os mais fofoqueiros afirmavam, no Curral irão construir um aeroporto já experimentaram lá um avião. Era tanta confusão que a visita agendada transformou-se num comício, as perguntas vinham em rajadas, atordoado entrou imediatamente em casa e só saiu com a escolta dos colegas.
         Desde aquela data Curral passou a constar no roteiro turístico de todos kandengues, vinham a pedir desafio com a equipa local, antes das partidas os jogadores olhavam ao céu na esperança de serem agraciados com a vinda do “Barriga de Ginguba” em vão a proeza custou ao Wale a transferência para outras paragens.
         A Katigela passou a existir somente na memória dos garotos, aquele que foi o grande campo de alegria da equipa de Nossa Senhora de Nazaré onde Kamambe, Belomy, Suskay e outros kotas agraciavam o público com bom espetáculo de futebol, deu lugar a uma residência matando o sonho da rapaziada de um dia vibrar nos palancas negras.
         Cassinda e kambas optaram em desbravar as matas da açucareira e depois de alguns mergulhos no katchobwim da bandafora deliciavam-se com os tchisungo de cana que os camponeses colhiam, caso encontrassem um de boa fé oferecia-lhes uma cana inteira. De regresso a casa aproveitavam ajudar as senhoras que vinham das lavras com os seus quibutos na cabeça, como recompensa ofereciam-lhes uma mandioca, batata ou mesmo maçaroca. Acontece que ao passar pela praça da Kalumba  deparam-se com um aglomerado de gente envolvendo um jovem ao meio, tio que passa aqui, perguntou Cassinda, em resposta levou um safanão que o faria desistir da sua curiosidade, sem chances o garoto tinha osso duro de se roer, permaneceu ao lado de duas senhoras que comentavam a cena, consta que o jovem yopirou três mil kwanzas no bolso dum langa este sem dar conta do sucedido foi à uma loja com intuito de comprar tecidos pra fazer um bubú daqueles peculiares, qual foi seu espanto o dinheiro desapareceu! Levou as mãos a cabeça, chorou em lingala namemi ngambo rebolou-se ao chão e criou um óbito jamais visto, mais tarde arrancou um fio de cabelo adicionou sua unha, saliva, lágrimas e rasgou um tecido do seu bolso, num português arrojado disse, - quem robô mo dinherro vá morre, proferiu também algumas palavras na sua língua materna ku fa nyama; os efeitos foram imediatos o jovem começou a sentir ruídos estranhos vindo da sua barriga, mas tarde o som foi aumentando de intensidade ao ponto dos demais ouvirem, a cada estrondo que saia a barriga inchava, procuraram sem sucesso o langa de modo a retirar o feitiço ao jovem, como não o encontraram, a famosa barriga cantora estoirou.
         D. Nassalala esperava o seu filho com um katchitó nas mãos, o garoto prevendo a surra foi logo contar o que vira à mãe, mamã na Kalumba a barriiga de um moço cantou depois rebentou, disseram assim é gatuno, o quê tá ficar maluco né! Já não basta chegar tarde ainda vens cá com truques de mentiroso, na praça a bonho passa pra´qui vais me apanhar umas e boas que te esqueces de um dia sair a rua, quando preparava-se para dar a primeira kactchitoada uma vizinha que passava disse, oh mana ainda larga o miúdo, sabes o que s´aconteceu, hum hum, oh mana não é que estou a vir lá da praça da Kalumba e está cheia de polícias, porquê então mana, a BARRIGA CANTOU. D. Nassalala passou a mão carinhosamente à cabeça de seu filho, não anda mais sair quando a mamã não está em casa ouviste? Tá bem mamã.




Autor: Ndakayesunga
In “experiência literária”
Outubro de 2010
CONTACTOS:
923698520
934263992
Email: bocoma85@hotmail.com  - bocomanegocio@hotmail.
Fernando Bocoma Pereira Negócio
       

A EMBALA

A caminho de casa Katwitwi e seu amigo Kinanga, vinham ofegantes da caça à água que há muito se fizera ausente da aldeia de Samba Kajú, os gados, as sementeiras e o verde que dava vida aos aldeões, hospedaram um deserto de fome e muita miséria, todos questionavam a razão por que passavam tanta desgraça quando afinal encontravam-se no mês de Abril época das cheias. Nem o rio Kakuluvale (encontrar nome próprio) foi poupado das garras da seca; a única fonte distava a 5 km da aldeia na embala do soba Cikisikisi, segundo os anciões aquele era um lugar proibido pois guardava a alma do soba que na tentativa de agir a favor do seu povo, amaldiçoou a chuva, como consequência, no mesmo instante caiu uma carga de chuva somente na embala do soba enterrando-o na cacimba que ali havia, com ele foi-se a chuva. Seus restos mortais nunca foram encontrados há quem diga que em noites de lua cheia ouvem-se cantos de chuva na embala, contudo nada se alterou.
         Wawé, wawé, gritava aflito Njolela. – O que é que se passa rapaz? Mamã, mamã indicando a sua casa, fale de uma vez pois não conseguimos perceber o que queres dizer. Imediatamente os mais velhos dirigiram-se à casa deste encontrando sua mãe Katumbo, estatelada no chão com uma caneca nas mãos, já não havia solução para a socorrer, mais uma vítima da seca acabara por sucumbir, coitadinha não aguentou a pulungunza de caminhar os quilómetros sem conta a procura da luz da vida.
         O medo instaurou-se aldeia afora, até os vizinhos evitavam a todo custo visitar um parente que vivia naquelas bandas, quem assim se procedesse, estava proibido de retornar, de modo a não transportar a maka para a aldeia. Desprovidos de recursos os velhos da aldeia convocaram uma reunião de emergência para se encontrar o antídoto capaz de desfazer aquela wanga.
         No dia marcado todos seculos trajados a rigor, com panos e vilambos bem a maneira de Samba Kaju, dirigiram-se à sombra dum embondeiro local minuciosamente indicado e preparado com vinho, mel e uma galinha em oferenda às forças do bem, responsáveis pela resolução de todos dikulos por que a aldeia passou.
         - Tufetiki (comecemos)!
         O ancião tomou a palavra.
         - Ene amakulu (), sabemos a razão que nos trouxe cá no local sagrado, devemos agir antes que a aldeia caia no precipício, o bebé que não chora não mama (traduzir), dessa forma pediremos redenção aos nossos antepassados, otcho owembo lyactho ipite (para que o feitiço seja retirado), porém aquele que tem o poder de falar com os nossos antepassados que passe para frente para nos explicar o plano de derrubar o feitiço.
         Não tardou o velho Upesi levantou-se com ajuda da sua bengala e um cachimbo a fumegar na boca. Tinha a fama de ser um grande kimbanda, tratava … Tomando a palavra, disse:
         Na luta de elefantes quem sofre é o capim (traduzir). Há muito que tinha conversado com os antepassados, porém nada podia ser feito sem a união do povo da aldeia, a decisão tinha de ser tomada em uníssono para que as nossas preces fossem ouvidas. Precisamos estar atentos aos pormenores, para que não sejamos arrastados à hecatombe.
         Povo de Samba Caju! Escutai com atenção a encomenda dos antepassados: óleo de palma, um espelho, unha de morcego, pena de coruja e uma pata de galinha, que deve ser encontrado ainda hoje até ao anoitecer, caso contrário as nossas esperanças irão por água abaixo. Oiçam, só pode recolher o material que acabei de citar um casal que não manteve relações sexuais durante o período que estamos sem chuva.
         Notou-se sussurros entre os mais velhos, – ecthi atchoko (assim não dá), ame mba saselîle, nda ecthi oyongola, ndenda kó ame otcho omamu vosi vakale tchiwa (eu não mantive relações sexuais, se assim for irei em prol da aldeia).
          Corajoso o seculo Katanha disponibilizou-se a realizar a tão destemida façanha, enquanto o aguardavam, a comunidade empenhava-se em reunir alguns quitutes a ser usado no banquete preparado com afinco, para o dia em que os céus de Samba Caju fizessem brotar gotículas miraculosas afim de se por termo as suas vidas malfadadas. Quando tudo parecia como o desejado, eis que uma notícia triste arruinou a expectativa do povo de Samba Caju, o grande kimbanda Upesi lutava pela vida em sua residência, o ancião padecia de uma febre, seu corpo gemia, transpirava sem cessar, de repente começou a delirar, as palavras vinham aos soluços, fora de sua residência jovens, adultos e crianças intercediam aos antepassados a saúde de seu grande mestre, em vão quanto mais rezavam as febres tendiam a piorar, porém sua esposa que também é conhecedora da medicina natural, observava com muito cuidado as pessoas que ladeavam numa esteira feita de fibra de bananeira, pediu ao povo que permanecesse em silêncio, mais tarde retirou de um cesto, algumas ervas e raízes foi triturando devagarinho no seu almofariz, sua neta foi a busca de água na única vasilha que havia em casa, a anciã retirou uma porção de terra no local por onde jazia moribundo o corpo do marido, adicionou o medicamento e foi untando no corpo deste, no mesmo instante as febres baixaram e seu corpo restabeleceu.
         Mal recuperou as forças começou logo a falar: a nossa empreitada para conseguirmos água está sendo prejudicada por alguém que se beneficia do nosso sofrimento, durante o tempo que estive deitado nessa esteira, os antepassados sonegaram-me um segredo, o esforço que está a ser empreendido pelo povo mereceu especial atenção, por isso mesmo antes que as coisas se resolvam devemos arrumar as tralhas que temos na nossa aldeia. Aquelas pessoas que morreram na seca ainda não partiram, estão entre nós, mas a prestarem serviço na casa de uma pessoa muito importante. Reuniu-se novamente com a comunidade adulta de Samba Caju, na altura em que tentava dizer o nome da pessoa que tanto prejudicava o povo, entrou uma senhora a chorar, que passa? Indagou o ancião. Seculo katanha wafa (o velho Katanha morreu), usando toda a sua sapiência e na maior tranquilidade disse: não vos preocupeis, ele está simplesmente cansado da viagem, aguardem até ao dia em que essa trama estiver resolvida que ele retornará, contudo parem de chorar.
         Munidos com a bênção dos ancestrais partiram ao encontro do malfeitor, não havia estrelas nos céus somente a lua envergonhada temia em nascer, a caminhada era longa, mas a vontade de agarrar o feiticeiro movia-os até ao destino. Do muro que vedava o quintal era possível vislumbrar quantidades enormes de vasilhas de água, umas cheias e outras vazias, enquanto isso aqueles que pereceram com a estiagem, transportavam sem cessar água à cabeça e os outros cuidavam da horta. Boquiabertos escutavam as conversas dos finados, reclamando as condições por que passavam, sentado num luando com chicote nas mãos estava o ngapa, cujo destino era traçado a escassos metros do seu quintal. De nada desconfiava, relaxado a ordenar os seus fantasmas nos afazeres diários.
…ao aproximarem-se do local o ancião ordenou aos demais que vendassem os olhos, evitando cegar na eventualidade de se depararem com um trovão maligno os olhos estejam protegidos “os olhos dominam a mente”.



Autor: Ndakayesunga
In “experiência literária”
Novembro de 2010
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Fernando Bocoma Pereira Negócio


        

A DAMA DE PRETO

A DAMA DE PRETO


         Conheceram-se de maneira informal, frequentemente via-na passar trajada de preto e salto alto na avenida da marginal em plena manhã de labuta, a brisa, sorrateiramente cambaleava os parcos panos que jaziam em seu corpo esbelto denunciando amiúde magnificência interna, para completar a indumentária, socorria-se a um cachecol veludo de riscas pretas, deduziu primeiramente que ela estava de nojo, todavia, após matutar um pouquinho a cachimónia lembrou-se estar perante a uma jovem moderna e naquela altura as tendências variavam mediante as estações, razão mais do que suficiente para dar uma caprichada no loock, decote acelerado, deixando duas belas tumbas em promoção, reluzindo freneticamente aos chamamentos do astro rei, era capaz de vuzar dois satélites em órbita, por mais forte que fosse a guarda não há quem o resista, maravilha incomensurável. Contudo não fez caso, decidiu apenas dedicar-se em pintar o futuro, ao lado da sua amada da marginal, pelo que imaginou:
         Juntinhos a passear, mãos entrelaçadas, o coração a cantar em dó maior, a tristeza, envergonhada, seroava em terras distantes, seria injusta a presença da dor naquele mesmo instante, tentou assobiá-la, a ideia, desapareceu como um trovão, escasseava-lhe a força para engendrar tão nobre plano, ficou só no tentar, mais nada,  contentava-se pelo simples facto de vê-la passar todos os dias com as mesmas vestes como se de um uniforme se tratasse, chegou a indagar-se sobre aquela forma peculiar de se paramentar, era a única que havia no guarda-roupa? Ou a eleita aos dias de serviço, mas, que tipo de trabalho combinava com aquela saia, deixa estar se a gosto é por vê-la sempre assim. Custa-me crer o que será de mim se ela mudar de visual, serei capaz de a reconhecer, ademais como se sente o piloto sortudo com a responsabilidade de por a funcionar diariamente esta esplêndida nave, nem quero pensar na ignição decorada e revestida de pequenas pedrinhas negras, sonegando cuidadosamente a lamparina que não é preta, sim vermelha avermelhada, em posição de guarda vai prontamente decidindo o momento de partida, deixa estar como me atrevo a tal ignomínia estou a ser cruel com a minha papoila, mas será que ela importar-se-á comigo, nestas condições, mal consigo me pôr em pé quanto mais chegar perto a se arrastar que nem um caranguejo, prefiro mil vezes contempla-la aqui do primeiro andar sem que veja nem contesta a minha condição física, ai minha vida malfadada, será que tenho uma chance de um dia tocar ao mínimo a sua pele?
         O tempo foi passando a rotina continuava até que um dia resolveu finalmente colocar o seu desígnio em forja, pediu ao irmão mais novo que a seguisse e descobrisse em que área trabalhava e a razão de apresentar sempre um traje excêntrico, o rapaz não acreditou no que viu, estudava a ocasião pra poder explicar ao mano o que os seus olhos acabaram de presenciar, perdeu coragem, embusteou-o com pena de tira-lo o ensejo que tanto sonhara. Propusera-se em leva-lo a um passeio antes de desvendar a mola oculta que suportava aquela nave, a banda escolhida foi a ilha de Luanda local de todos os acontecimentos onde cada um busca o que pode desde lazer, prazer e adrenalina, também fazem-se bons negócios qualquer que seja vendia-se absolutamente tudo, a ilha humilde e acolhedora preparava-se para testemunhar o encontro mediático de dois seres que se conheciam no desconhecimento de suas vidas.
         Nkhossi, era assim que se chamava, deambulava ilha abaixo na companhia de seu irmão quando deliberadamente foi ter a uma senhora. Dona quanto custa o mufete, com batata e salada é oitocentos simples custa apenas quinhentos kuanzas, mãe dá dois compostos e bem abonado, não há makas meu filho. O pedido foi concedido com rigor e sem cerimónias. Após paparem dois saborosos mufetes a maneira da ilha, começaram a caçada rumo a descoberta de sua amada não foi necessário andar muito a dama de preto estava justamente a escassos metros de si, meu Deus é essa a vida que ela leva! A ansiedade apoderava-se do seu pobre coração. Não sei se suportarei a vida que ela leva, tenho forças suficientes? Não sei contudo vou tentar antes tarde do que nunca, com ajuda da sua cadeirinha foi lentamente juntar-se a turminha da sua musa da marginal ladeada de vinte criancinhas órfãs de pais seropositivos, felizmente todas elas livres deste ceifador de vidas. Escutou atenciosamente os ensinamentos e trocaram impressões…




Autor: Ndakayesunga
In “experiência literária”
Outubro de 2010
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Fernando Bocoma Pereira Negócio


sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

JORNADAS CIENTÍFICAS DE 2010 SOB O TEMA ``LÍNGUAS MODERNAS E OS DESAFIOS DO NOVO MILÉNIO´´


 A Faculdade de Letras da Universidade Agostinho Neto de Angola (Luanda), organizou  as suas quartas Jornadas Científicas sob o tema `` Línguas Modernas e os Desafios do Milénio´´ nos dias 14 e 15 de outubro de 2010. O mesmo realizou-se no anfiteatro da Faculdade e contou com a maior parte dos estudantes dos cursos de letras.