Na busca incansável do canto melódico do poeta, derrapei-me na encruzilhada ante o espírito crítico de KAPUTU BRANCO invadido em choro com o seu povo, esculpindo o futuro em lágrimas derretidas com o olhar fixo no horizonte cantou:
CHORO DO POVO
Enxerga os olhos
e vê como o mundo se afoga
as galinhas já não chocam
no lirismo do vai e vem
São chamas de povos carentes
nem norte nem sul
no sofismo de um povo fervente
sem castores sem caças
Esgota-se a possibilidade de acreditar na fé
os homens distantes da perfeição
fraquíssima esta natureza
que choraminga fraqueza
Que me deu todos os remédios
já não sinto o efeito
Só me apetece fugir
fugir para a escuridão total
onde nem sequer consegue-se dar passos
e ninguém consegue escapar
Tarde ou cedo eu vou
e mesmo tu não querendo digo-te seguir-me-ás
LÁGRIMAS DERRETIDAS
Chora
Chora
Flor desvanecida perante a bicharada
Chora
Oh caule que a tua infância deveu-se
aos barris de pólvoras das balas
dos rebentos das granadas
dos tiroteios e dos sangues derramados
Chora
Chora
Oh pobre, aleijado que não tem culpa da tua
desgraça da tua imperfeição
Chora
Chora
Oh criança desamparada perante a bicharada
Oh órfão que a vida para ti é uma madrasta
Chora
Chora
Oh criança que na sua encontraste o sossego
Oh criança que por ti ninguém sente o afecto
Chora
Chora
Raízes puras inquebráveis e genuínas de Angola
Chora
Chora
Chora meu bem chora
Coma sinal de amor de carinho de tudo que existe
Eu chora por ti
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